Desmistificando o Estrabismo

O Estrabismo é um desalinhamento dos olhos por alteração nos músculos que controlam os movimentos oculares.

Todo tipo de desvio dos olhos é considerado estrabismo, seja esse desvio para fora, para dentro ou para cima, mas cada um desses tipos tem suas particularidades.

Cerca de 2 a 5% das crianças podem ser afetadas, sendo que em casos especiais como crianças com Síndrome de Down esse número pode aumentar para cerca de 20% dos pacientes.

O estrabismo é uma condição que deve ser diagnosticada e tratada de forma precoce pois pode causar danos irreversíveis a visão da criança.

O tipo de estrabismo mais comum é o estrabismo divergente intermitente, aquele em que os olhos desviam para fora, mas em alguns momentos estão alinhados. Esse tipo de estrabismo tende a causar menos prejuízo a visão, pois nos momentos em que os olhos estão alinhados a visão está sendo estimulada. Isso não quer dizer, contudo, que esse tipo de desvio não mereça atenção e não precise ser acompanhado e tratado.

Os casos em que o desvio está bem compensado, ou seja, (percebe-se em poucos momentos o olho desviar) e a criança consegue controlar bem os olhos, mantendo-os alinhados grande parte do tempo. O oftalmologista pode  indicar uso de oclusão (tampão) ou com seguimento, alternado para prevenir prejuízo visual e garantir que a criança não perca esse controle.

Sempre gosto de ressaltar que o uso de tampão não tem o intuito de TRATAR o desvio. Ele é usado apenas para estimular controle e prevenir a ambliopia.

O olho preguiçoso que pode ser causado quando a criança desvia sempre o mesmo olho, tendo uma preferência por fixar sempre com o mesmo. O tratamento continua sendo cirúrgico para a maioria dos casos.

O outro tipo de estrabismo muito frequente na infância é o estrabismo convergente, em que os olhinhos desviam para dentro. Esse tipo de desvio pode ser dividido em 3 grupos:

  1. os de origem congênita (aparecem no momento do nascimento ou dentro dos primeiros 4 meses).
  2. os com aparecimento mais tardio, que podem, nesse caso, ser relacionados a altos graus de hipermetropia.
  3. Os casos congênitos devem ser tratados de forma precoce (ideal até cerca de 1 ano e meio), pois eles causam danos severos a visão binocular do bebe (visão 3D- que não se desenvolve sem o alinhamento ocular).

O tratamento nesses casos é cirúrgico, lembrando que se houver sinais de ambliopia (olho preguiçoso), essa deve ser tratada antes e após programar a

Cada caso precisa ser individualizado para definir melhor a conduta, mas o tratamento não deve ser postergado.

Nos casos em que a causa do desvio e o alto grau de hipermetropia, o tratamento inicial é com uso de óculos. Esses vão conseguir alinhar parcialmente os olhos ou completar. No entanto, após colocação de óculos, a criança mantenha algum desvio, esse deve ser tratado também com cirurgia.

Caso os óculos sejam capazes de alinhar completamente os olhos, nesses casos NÃO há indicação de cirurgia.

Portanto, finalizo enfatizando sobre o uso do tampão, dúvida frequente no consultório. O uso do tampão não tem o intuito de tratar o desvio, e não trata. O uso dele serve para tratar consequências e sequelas do desalinhamento dos olhos: o olho preguiçoso ( A ambliopia). 

 

Por: Marcela Barreira

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