Papéis ocupacionais são conjuntos de comportamentos socialmente esperados e moldados de acordo com a cultura e o contexto que vivemos. Cada papel ocupacional carrega consigo obrigações que precisamos cumprir para atingir determinados objetivos.
Por exemplo, o papel de mãe vem carregado de significados que vão desde dar de comer, cuidar, dar afeto até educar e dar limites aos filhos, entre outras tantas funções de mãe.
Desempenhar cada um desses papéis exige esforço, dedicação e compromisso. Afinal, não é fácil chegar em casa após um dia exaustivo de trabalho e ainda ter energia para dar atenção aos filhos. Ou para preparar o jantar. Ou ainda para deixar pronta a lancheira que as crianças vão levar no dia seguinte.
Os papéis ocupacionais precisam fazer sentido para aquele que executa, ou seja, a pessoa precisa sentir que desempenhar determinado papel trás satisfação para ela.
Em minha experiência conduzindo grupo de famílias, observei a quantidade de papéis ocupacionais aos quais as mulheres, principalmente, se submetem para dar conta de cuidar de todos os membros da família. As mulheres são filhas, mães, esposas, namoradas, cônjuges, tias, avós, sogras, amigas, irmãs, madrinhas. Além disso são trabalhadoras, donas de casa, cuidadoras, estudantes, religiosas, voluntárias, entre outros.
A sobrecarga que cada papel impõe trás um grande impacto no cotidiano das pessoas. Na expectativa de que tudo saia o mais perto do perfeito possível, muitas vezes essas mulheres esquecem de cuidar de si mesmo. Não praticam atividades de lazer com o argumento: “isso é perda de tempo” ou “não tenho tempo para isso”. Deixam de cuidar de sua aparência física e, consequentemente, de suas emoções. Isso impacta diretamente na autoestima que vai ficando cada vez mais baixa.
É comum ouvirmos alguém dizer que sentem-se escravas dos membros da família e terem a sensação de ser desvalorizada por tudo que faz. Quando isso acontece: sinal de alerta! Muitas vezes, não percebemos que estamos pegando uma carga maior do que conseguimos carregar. Pois, os papéis ocupacionais são dotados de crenças, as quais passamos a acreditar ao longo da vida. E junto com cada um deles vem as implicações e tarefas a serem desempenhadas.
Da mesma forma que acrescentamos mais papéis ao longo da vida, também podemos abandonar aqueles que deixam de fazer sentido. Isso é totalmente esperado. Os papéis ocupacionais que executamos são valorizados socialmente e através deles podemos fazer parte de grupos sociais. Mas o mais importante é que sejam valorizados por nós mesmos. Afinal somos nós que desempenhamos e sabemos o quanto custa desempenhar eles.
O equilíbrio é sempre a melhor estratégia. Então, tente dividir o tempo para cada papel e suas atribuições. Encontre um tempo para você!
E se você sente-se cansado e deseja revisar seus papéis ocupacionais, procure um terapeuta ocupacional. Esse profissional compreende como acontece a construção da identidade pessoal e social de cada pessoa e, através da análise dos papéis ocupacionais, pode auxiliar na escolha de novas maneiras de viver e contribuir para o bem-estar de si e dos outros.
Por Suellen Merencio
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