Suicídio infantil é uma realidade?
Há de ser pensar! A Criança é inocente, não pensa nisso! Ela quer é aproveita a vida, brincar bastante e ficar próximo da família.
Infelizmente, a realidade atual não é essa.
Atualmente, tenho me deparado com casos de crianças apresentando tentativas de suicídio e até consumando o fato. Tanto no consultório quanto nas supervisões, vejo o quanto essa realidade triste está crescendo.
Afinal, é possível uma criança tirar sua própria vida?
Antes de responder à pergunta, vamos refletir um pouco sobre esse fenômeno. É algo complexo e exige muita atenção dos familiares e profissionais.
A palavra suicídio pode até ser definida, mas avaliar o ato precisa de uma análise melhor.
O suicídio é um fenômeno complexo e multifatorial no qual a interação de fatores individuais, familiares, sociais e culturais serão determinantes na decisão da criança de tirar a sua própria vida.
Na esfera da Psicologia clínica infantil, o trabalho com a criança deve partir da apreciação da história da família, das possíveis causas precipitantes.
São exemplos, o sentimento de abandono, gestação precoce, a experiência de abusos físicos e sexuais, autolesões, a desorganização familiar, o desajustamento na escola ou na casa, a desesperança em relação ao futuro e como essa criança é vista dentro da família, entre outras.
No primeiro momento é importante que os pais ou professores observam as motivações internas da criança (a dor que aflige), situação de sofrimento em que ela está vivendo ou viveu.
Ao longo da história da humanidade, o suicídio sempre esteve presente, é uma forma de lidar com o sofrimento, uma saída para livrar-se da dor de existir.
Por essa razão, considero o suicídio uma carta na manga, isto é, aquilo de que o sujeito pode dispor quando a vida lhe parecer insuportável.
Vale lembrar que para prevenir o suicídio ou promover a vida não se precisa tocar direta ou especificamente no assunto do suicídio, trata-se, justamente, de promover ou valorizar entre as pessoas a questão da vida.
Mas qual vida nós queremos valorizar?
Qual criança queremos ter?
Qual adolescente queremos desenvolver?
Quais condições de vida buscamos?
Para ilustrar a realidade, irei trazer um caso fictício que representa a realidade de várias crianças.
João, 11 anos, mora com o pai e a madrasta. A mãe o abandonou ainda bebê, anos mais tarde faleceu e não se sabe a causa da morte. De acordo com o relato de familiares, a criança não se adaptou a escola e a família apresenta desorganização no aspecto emocional e social.
João demonstra ser um menino triste, relata que a morte é a melhor solução, visto que a mãe dele o abandonou e o pai só quer saber dos filhos com madrasta.
O pai é de uma doutrina ortodoxa que não acredita que o psicólogo e o psiquiatra irão ajudar o menino.
A madrasta que o levou para uma unidade de saúde após sua terceira tentativa de suicídio.
Não dá para analisar o caso com poucos dados, mas podemos pensar que o suicídio infantil pode acontecer por vários fatores.
Neste caso, o abandono da mãe, a chegada da madrasta ocupando o lugar da mãe, sentimento de rejeição pelo pai e a maior dedicação desse pai aos filhos da madrasta.
Alguns sintomas que a criança apresenta, no qual os pais podem ligar o botão de alerta:
- Apatia pouco usual, falta de apetite e grande desinteresse;
- Insônia persistente, ansiedade ou angústia permanente.
- Abuso de álcool, droga ou remédios.
- Dificuldades de relacionamento e integração. Dizer adeus, como se não fosse mais ser visto.
Respondendo à pergunta inicial.
É preciso analisar com cuidado os comportamentos que a criança apresenta.
Cabe aos profissionais trabalhar o tema com cuidado e sempre mantendo o foco no bem-estar da criança buscando trabalhar com outros profissionais ligados ao desenvolvimento infantil.
No entanto, o suicídio infantil segue com muitas perguntas sem resposta, devido a poucos estudos sobre o tema.
Por Eanes Moreira
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