A psicomotricidade que tem como objeto de estudo o corpo do homem em movimento, seu mundo interno e externo utiliza-se da observação e intervenção em alguns elementos básicos.
O esquema corporal: será a partir das vivências e tomada de consciência do próprio corpo que a pessoa desenvolverá sua personalidade e tomará consciência de suas possibilidades de atuar no mundo. Ela precisará ter domínio de seu corpo para se sentir bem e agir por si mesma e com outros objetos, ou seja, para compreender o espaço a sua volta precisará primeiro reconhecer a si mesma. Do contrário pode ter percepções enganosas, dificuldades de se relacionar e na motricidade.
A coordenação motora; global, fina e viso-motora são habilidades trabalhadas na psicomotricidade, pois sem elas existirá dificuldade em realizar atividades simples do dia a dia, esportes, brincadeiras e gerará uma visão negativa de si mesmo no indivíduo.
A estruturação espacial: partindo da estruturação do eu, a pessoa passa a estruturar também o espaço a sua volta. É a capacidade de estabelecer relações de algo com o próprio corpo e de objetos ou outras pessoas. É então, essencial para que a pessoa se organize no mundo.
Sobre a lateralidade, Meur e Staes (1989) dizem:
Durante o crescimento, naturalmente se define uma dominância lateral na criança: será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos, mas também é influenciada por certos hábitos sociais. (p.11)
Não se deve confundir a dominância lateral, o lado que a pessoa possui mais habilidade, com o conhecimento de direita e esquerda. A lateralidade diz respeito à força e precisão em nível de membros inferiores, superiores e de olhos e o domínio dos termos: direita e esquerda, inclusive advindos da lateralidade, pois é a partir do reconhecimento do lado dominante que a pessoa adquire o conceito de direita e esquerda.
A orientação temporal: que é a capacidade de se situar antes, após e durante os acontecimentos, noção de intervalos, tempos curtos e longos, do ciclo do tempo, dias, meses, anos, ou seja, a noção de tempo objetivo. Encaixa-se também na orientação temporal ritmo e o conhecimento do caráter irreversível do tempo, o saber que algo que passou não volta mais.
As percepções; viso-motora, auditiva, posições e relações no espaço e figura-fundo são habilidades de discriminação de estímulos e são também importantes para a atuação no meio social.
Todos estes itens, estudados pela psicomotricidade são essenciais para o bom desenvolvimento da criança, para que não venha a ocorrer problemas com a escrita e a aprendizagem em geral. Percebe-se que esta ciência busca integrar o corpo e seus movimentos com a atuação do indivíduo no mundo e vê como parte inicial de qualquer aprendizagem o corpo. A pessoa primeiro vivencia em seu corpo, para depois passar a reconhecer e assimilar novas aquisições, sejam elas; cognitivas, afetivas ou orgânicas.
A aplicação do saber da psicomotricidade pode acontecer através da estimulação, com vista a despertar um desenvolvimento harmonioso; da educação psicomotora presente em todos os momentos da vida e abrangendo todas as aprendizagens; da reeducação psicomotora, que é a ação desenvolvida em pessoas que têm perturbações, dificuldades ou distúrbios psicomotores e por fim, da terapia psicomotora, utilizada com quem tem total desorganização de sua harmonia corporal.
Assim como a psicomotricidade auxilia o indivíduo com seu próprio corpo ajuda também a viver em grupo, como Meur e Staes (1989) dizem: a partir dos exercícios psicomotores as crianças aprendem a respeitar as regras, compreendendo que se estas não forem respeitadas as coisas não dão certo, e aprendem convenções sociais, como: em nosso país dirige-se do lado direito e se lê e escreve da esquerda para a direita.
Por fim, falando na ciência da psicomotricidade irá sempre se preocupar com o indivíduo de forma integral, trabalhar tendo em vista a parte orgânica, cognitiva e também afetiva. E quanto melhor a pessoa conhecer e dominar seu corpo mais a vontade ela se encontrará para atuar no meio em que vive, alcançando o máximo de potencial no seu desenvolvimento.
