DÚVIDAS SOBRE ALIMENTAÇÃO INFANTIL – PARTE 2

Dúvidas frequentes sobre alimentação infantil – Parte 2

Esse é o segundo texto da série com as principais dúvidas sobre alimentação infantil.

Normalmente é frequente que os pais tenham mais questionamentos nos primeiros meses de vida das crianças, mas mesmo após a introdução alimentar, a alimentação infantil ainda é repleta de dúvidas e inseguranças.

Vamos continuar com as principais dúvidas recebidas no consultório?

  1. Como saber se o que o meu filho comeu é suficiente?

Importante os pais terem em mente que cada criança tem sua necessidade nutricional. Uns “raspam” o prato e outros sempre deixam comida no prato.

Alguns pontos importantes que valem a pena os pais avaliarem são:

o ganho de peso e estatura (se está dentro dos padrões de normalidade, provavelmente o volume consumido está adequado) e o interesse pela comida (se a criança começa a brincar, se distrair, pode ser sinal de que ela está saciada).

Ter uma rotina alimentar e com horários bem definidos permite que a criança experimente a sensação de fome e saciedade, e a alimentação será guiada normalmente de acordo com essas sensações. 

Os pais também podem oferecer um pouco menos de volume alimentar.

Se a criança pedir por mais, pode ser um sinal de fome. Senão pedir é sinal de que está satisfeita e o volume está adequado.

  • O que evitar durante as refeições?

Essa lista de dicas é importante!

– Não force a criança a comer, pois a criança poderá criar uma relação negativa com a alimentação ou determinado alimento.

– Não elogie ou critique a criança por comer demais ou de menos.

A criança deverá comer a quantidade que a saciar, o que não significa que é a quantidade que você tem expectativa que ela coma.

– Não use a comida como recompensa ou expressão de amor.

A criança associa a alimentação como algo que pode gerar recompensas, e não como uma parte importante da rotina dela.

– Evite distrações durante as refeições (televisão, celular, etc), já que a criança precisa ter atenção plena ao que ela está comendo.

3. O que fazer se meu filho não demonstra interesse em comer?

Em primeiro lugar, é importante avaliar o que está acontecendo. Podem existir questões emocionais como ansiedade, tristeza, raiva, insegurança, etc, que podem gerar alguns conflitos.

Agora, se a criança não quer comer, mas não está passando por nenhum problema emocional, é interessante considerar possíveis questões de saúde.

Algumas condições físicas que afetam o apetite e causam a recusa alimentar são:

– Dores físicas: dores estomacais, cólicas, enjoos ou algum desconforto após as refeições.

– Falta de apetite por não estar com fome: se a criança não estiver com fome, ela vai se recusar a se alimentar.

– Alterações no paladar:

 hipersensibilidade oral (a criança tem preferência por determinada textura ou sabor de determinados alimentos) e

hipossensibilidade oral  (a preferência é pelos alimentos que têm sabores mais intensos e conseguem despertar melhor o paladar).

4. Como lidar com a seletividade alimentar e ajudar a criança a comer?

Antes de mais nada, precisamos ampliar nosso olhar e entender que a habilidade e conforto para comer são pré-requisitos para que a criança amplie suas escolhas alimentares e tenha uma relação de maior prazer durante as refeições.

É preciso avaliar se:

  • A criança está confortável no ambiente?
  • Tem habilidade para comer o que está sendo ofertado para ela?
  • Sabe o que está comendo?
  • Consegue interagir com o alimento?

Quando a criança afirma que não gosta de alguma coisa, a melhor alternativa é buscar novas formas de preparo e apresentação para que ela tenha opções. 

Porém, se de fato não agradar o paladar, faça substituições oferecendo os nutrientes essenciais trocando um alimento por outro do mesmo grupo alimentar.

O mais importante é não forçar para que a criança não desenvolva uma recusa cada vez maior, o que pode fazer com que ela tenha aversão pela refeição como um todo. 

5. Meu filho come demais. O que fazer?

Nesse caso é preciso avaliar se a criança come por compulsão ou se come de forma exagerada. A compulsão é uma doença, e precisa ser tratada com acompanhamento multidisciplinar. 

Já o exagero ou a gula são hábitos que só conseguiremos reverter com mudanças nos hábitos alimentares não só das crianças, mas das famílias. Afinal, a criança é fruto do meio em que vive.

Como fazer uma mudança alimentar na criança, se o exemplo que a família dá não é adequado? Ao ver a família se alimentando mal, a criança tomará isso como referência.

6. Meu filho come bem e não ganha peso. O que fazer?

Estar abaixo do peso não é o mesmo que ser magro ou esguio.

Algumas crianças têm uma constituição física esguia e a mantêm com uma dieta bem balanceada e atividade física. Isso é normal e saudável. 

No entanto, um verdadeiro baixo peso pode ser um sinal de problemas alimentares, de saúde ou emocionais. 

A causa mais comum do déficit de ganho de peso é sem dúvida a ingestão calórica insuficiente, seguido da má absorção de nutrientes devido à infecções, alergias alimentares e problemas intestinais, endócrinos, cardíacos, pulmonares e hepáticos que podem levar ao aumento do metabolismo basal.

Se após avaliação com o especialista que acompanha a criança tudo estiver bem, é hora de tentar algumas estratégias para ajudar no ganho de peso.

Para isso, o acompanhamento de um Nutricionista é fundamental!

Construir uma relação boa com a comida na infância é algo grandioso, que será levado por toda a vida!

Pontos que toda família deve tentar seguir para que a criança desenvolva um ótimo hábito alimentar:

  • Estabelecer uma rotina alimentar definida.
  • Fazer as refeições à mesa em família.
  • Avaliar a qualidade alimentar – priorizando oferecer comida de verdade sempre!
  • Respeitar os sinais de fome e a saciedade da criança.
  • Jamais estimular uma dieta restritiva para a criança. A proibição pode ser um primeiro passo para a compulsão alimentar infantil.
  • Para crianças acima do peso, tirar um pouco o foco da imagem corporal e direcionar a outras qualidades: inteligente, corajoso, amigável, generoso, etc.
  • Estimular a prática regular de atividade.
  • Oferecer uma alimentação variada com todos os grupos alimentares.
  • Convidar a criança para preparar as refeições iniciando pelos alimentos que sejam de sua preferência e inserindo novos alimentos.
  • Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal sempre com moderação. 

Continua com dúvidas? Procura um profissional para tiras as dúvidas do caso especifico da sua criança.

Por Fabiana Jarussi

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